Páginas

6 de novembro de 2010

Forever and ever - mini conto

“Beyond the horizon of the place we lived when we were young
In a world of magnets and miracles
Our thoughts strayed constantly and without boundary
(…)
The grass was greener
The light was brighter
(…)
We reached the dizzy heights of that dreamed of world
(…)
The taste was sweeter
The nights of wonder”
(High Hopes – Pink Floyd)

Ela não sabia mais o que fazer. Olhando para aquele céu negro com o contraste das estrelas, e as lágrimas em seus olhos, era como se aquele escuro sugasse todas as suas forças. Dês da morte de seu noivo ela procurava algum sentido nas estrelas. Sabia que era idiotice, mas não desistia. Procurava por algum sinal de que ele ainda estava por perto, de que ainda cuidava dela.
Ele morrera um dia antes do casamento, e a ultima coisa que Nanda se lembrava era da Rosa em que ele deixara no travesseiro ao seu lado, antes de sair. Uma rosa azul, de jeito que ela nunca vira antes. E logo depois recebeu a noticia do acidente. Um caminhão havia passado por cima do carro dele. A dor em seu peito aumentava só de lembrar da cena do acidente, e de como ela nem teve tempo de se despedir.
Tinha pensado em segurar a rosa como uma ultima lembrança, mas então, decidiu coloca-la no tumulo. A única flor que levou até lá. No único dia em que conseguiu suportar olhar para a lápide. Não voltaria mais no cemitério. Sentia-se mal, perdia as forças, e olhar para o nome dele cravado no mármore era a pior coisa do mundo.
A mulher lembrava-se das noites em que deitavam juntos na varanda para olhar as estrelas, e o jeito que ele tocava violão pra ela. Cada frase e cada palavra se chocavam com seu coração ao mesmo tempo em que o olhar dele nela, fazendo-a se apaixonar cada vez mais.
Novas lágrimas tomaram o lugar das antigas que haviam secado em seu rosto. Lembrava-se de quando ela chorava e ele dizia que a cada vez que uma gota escorria de seus olhos, ele a amava mais. Então ele secava as lágrimas com os lábios e sorria. Sempre a fazendo se sentir confortável. Muitas vezes se sentia, também, mimada, mas não falava nada, apenas aproveitava os abraços que podia receber, e os sorrisos que sentia quando estava prestes a pegar no sono.
Deitou-se no chão frio. O céu girava acima dela, e ela tentou espantar a dor das lembranças que tomavam conta de cada centímetro de seu corpo.
- Por favor, - ela pediu para o imenso céu – faça ele voltar. Ou apenas... Me faça saber que ele estará sempre comigo. – Sua voz estava fraca, e ela não sabia direito o que falava. Já havia feito milhares de pedidos parecidos, e achava que se falasse eles ganhariam mais força. Talvez estivesse certa, mas talvez nada acontecesse.
Sentiu um vento forte deixando seu cabelo no rosto e sacudindo as cortinas. Deu uma ultima olhada para as estrelas e voltou para o quarto.
No travesseiro branco havia alguma coisa. Uma rosa azul e um bilhete rasgado. E então ela soube, soube que não estava e jamais estaria sozinha. Lendo o bilhete, sorriu pela primeira vez dês do acidente.

“The dawn mist glowing
The water flowing
The endless river


Forever and ever”
                                                                                                                              Maiara Salvador

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que pensam os desocupados: